domingo, 9 de novembro de 2008

G20 termina com pedido de reforma profunda no FMI e no Banco Mundial


Emergentes precisam ter mais voz nessas instituições, diz documento final. Texto reflete a negociação entre países ricos e emergentes na reunião.


No documento de encerramento do encontro, os representantes financeiros pediram maior representação dos países emergentes nesses organismos multilaterais."O FMI, o Banco Mundial e outras instituições financeiras internacionais têm um papel importante a representar, consistente com seus mandatos, de ajudar a estabilizar e fortalecer o sistema financeiro mundial, avançar na cooperação internacional para o desenvolvimento e auxiliar os países afetados pela crise", diz o documento.

Os presentes ressaltaram que as regras e normas definidas em Bretton Woods (tratado que regulamenta o sistema financeiro internacional desde 1944) precisam de uma "reforma profunda", que reflita mais adequadamente os pesos da economia mundial e que seja mais responsivo a futuros desafios.

"Os países emergentes e em desenvolvimento deveriam ter mais voz e representação nesses organismos", diz o documento.

Dentro deste novo contexto, o grupo de países emergentes e em desenvolvimento teria um papel maior a cumprir: "O G20, com sua ampla representação das economias sistemicamente importantes, tem um papel crítico a representar, assegurando a estabilidade econômica e financeira global e, com esse propósito, está comprometido a incrementar sua colaboração", diz o documento divulgado ao final da reunião.


Supervisão
O comunicado também a reivindicação por mais supervisão das instituições financeiras, em nível nacional e internacional.

"Temos que considerar formas de melhorar a identificação das instituições mais importantes para o sistema e garantir formas de supervisioná-las", ressalta o texto conjunto dos países do G20, ressaltando a possibilidade de criação de regras para informações contábeis.

O texto reconhece ainda que as economias do países desenvolvidos, onde a crise se originou, estão em recessão ou próximas dela. Por isso, é recomendado que os países usem todas a sua capacidade de caixa para estimular a atividade econômica, sempre tendo em vista a importância da manutenção da responsabilidade fiscal para garantir o crescimento sustentável.

O G20 lembrou que os países mais pobres serão justamente os mais afetados pela turbulência que afeta o mundo todo, pois suas economias são mais atingidas pela queda nos preços das commodities. "Nós concordamos que é importante manter a ajuda financeira para esses países, de acordo com os compromissos existentes."


Proposta brasileira
A proposta que o governo brasileiro vai levar à reunião de chefes de Estado do G20, no próximo dia 15, em Washington (EUA), inclui
a criação de um órgão de alerta de risco nas economias, que funcionaria nos moldes de agências privadas, como a Standard & Poor's e a Fitch.

O documento, também divulgado neste domingo, reforça ainda a reformulação de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Com maior participação de emergentes, esse "FMI reformulado" poderia ser responsável pela medição do risco das diferentes economias. A proposta formaliza as recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que discursaram nos últimos dias de reunião.

Segundo o documento, o objetivo é transformar o G20 em um grupo de chefes de Estado e de governo, e não mais de ministros e presidentes de bancos centrais, como acontece atualmente.

Entre as mudanças propostas para o grupo está a realização de pelo menos duas reuniões anuais, antes dos encontros periódicos do FMI e do Banco Mundial, e não apenas uma, em novembro, como ocorre atualmente. “(O G20 deverá) priorizar deliberações com resultados práticos em termos de políticas públicas”, diz o documento.


Palavra de Mantega
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou no encerramento da reunião que o
grupo poderá coordenar ações contra a atual crise financeira, considerada a pior em 80 anos.

“A maioria dos países concorda que se deva fortalecer o G20 e que ele deve ter um papel maior”, ressaltou.

De acordo com Mantega, houve concordância de que os países devem realizar uma política "anticíclica, fiscal e monetária", adequada às condições de cada país. Foi apontada ainda, disse o ministro, a necessidade de os países avançados ajudarem os emegentes com relação ao fluxo financeiro.

O ministro disse acreditar que cada país saberá "calibrar" a politica de juros de acordo com sua peculiaridade. "Aqui no Brasil as autoridades monetárias saberão regular suas políticas para esse novo cenário", ressaltou.

Segundo Mantega, a crise financeira não pode esperar a reforma do sisitema para dar soluções. "As soluções têm que ser mais imediatas. Vamos ter que trocar a roda do carro com ele em movimento."
Fonte: Site G1 - 09/11/2008
Post by Angeline Lima

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